Descubra por que a nutrição na recuperação de pets ajuda o tutor a evitar diversos riscos, e conheça as opções para fornecer e indicar alimentos de maneira eficaz, da via oral à enteral. A saúde e o bem-estar do fiel companheiro dependem da nutrição adequada na jornada da recuperação. Saiba mais neste guia abrangente.
De acordo com a WSAVA (World Small Animal Veterinary Association), a avaliação nutricional é considerada o quinto parâmetro vital, tão importante quanto a temperatura, pulso, respiração e dor do paciente.
Ou seja, a ênfase na avaliação nutricional é ainda mais importante em pacientes em estado crítico, pois muitas doenças podem levar à diminuição do apetite (hiporexia) ou à completa recusa de alimentos (anorexia), resultando na perda de peso e massa muscular, o que pode agravar o quadro do animal.
Assim, os principais objetivos da nutrição em pacientes críticos são:
- Fornecer energia e nutrientes essenciais até que o pet recupere o apetite voluntariamente;
- Corrigir ou prevenir deficiências nutricionais;
- Minimizar problemas metabólicos causados pela doença ou pela falta de nutrientes;
- Prevenir ou reduzir a perda de peso e massa magra;
- Manter a saúde do intestino, uma vez que a falta de alimento pode causar atrofia das vilosidades intestinais e predispor à translocação bacteriana.
Estudos demonstram que quanto mais cedo fornecemos os nutrientes necessários, melhor e mais rápida é a recuperação do pet.
Por sua vez, um estudo de 2010 conduzido no Hospital Veterinário da Unesp de Jaboticabal revelou que o manejo alimentar adequado está diretamente relacionado a uma maior taxa de alta de cães e gatos internados.
Portanto, a nutrição na recuperação de pets é um aspecto crucial para a sua saúde e bem-estar.
O pet não quer comer: o que fazer?
Quando um pet rejeita a comida é uma situação que pode gerar apreensão. Afinal, a nutrição desempenha um papel vital em sua saúde e bem-estar. Entender as razões por trás dessa recusa é crucial para abordar o problema de forma eficaz.
Entendendo a resistência à alimentação
Quando um pet demonstra resistência à alimentação, isso pode gerar preocupações legítimas.
Afinal, a nutrição desempenha um papel vital na recuperação de animais de estimação e no seu bem-estar. Compreender as razões subjacentes a essa recusa é de extrema importância para abordar o problema de forma eficaz.
Desta forma, o desafio de garantir a nutrição na recuperação de animais de estimação é um aspecto fundamental do cuidado com a saúde e o bem-estar desses companheiros leais.
Opções para fornecer alimentos aos animais de estimação
A via de escolha deve sempre ser a mais simples e eficiente, sendo assim, sempre que possível, deve-se utilizar alimentação voluntária por via oral.
Por isso, como forma de estimular o apetite do paciente, alterações em textura, sabor e temperatura dos alimentos podem torná-lo mais atrativo.
Em consequência, pode-se adicionar palatabilizantes ao alimento que o animal já consome, utilizando, por exemplo, alimentos úmidos em patê ou sachê, e aquecer ou umedecer o alimento.
Além disso, orexígenos também podem ser utilizados como forma de estimular o animal a se alimentar via oral, sendo os mais utilizados na medicina veterinária ciproheptadina e mirtazapina.
Forçar a alimentação via seringa na boca do animal é desaconselhado, pois pode aumentar a aversão ao alimento e causar riscos de falsa via e pneumonia por aspiração, piorando o estado do paciente.
Por isso, aqui estão algumas recomendações sobre alimentação enteral:
- Quando um paciente apresenta hiporexia ou anorexia por mais de 3 dias, recomenda-se alimentação enteral;
- As sondas via nasoesofágica ou nasogástrica são as mais utilizadas na internação, pois são práticas, indolores e não requerem anestesia;
- Essas sondas permitem a administração segura da quantidade correta de alimento, mas são indicadas para situações em que se espera que o paciente retome a alimentação voluntária em breve;
- Outras vias enterais incluem a colocação de tubos diretamente no esôfago, estômago ou intestino, nas quais há a necessidade de anestesiar o paciente para sua colocação, porém essas sondas podem ser mantidas por longos períodos.
Já na nutrição parenteral os nutrientes são fornecidos diretamente pela via intravenosa a partir de uma solução de glicose, lipídeos e aminoácidos que deve ser formulada por um médico veterinário nutrólogo de acordo com o perfil do paciente.
Então, por ser um procedimento de custo mais elevado comparado aos anteriores não é utilizado rotineiramente.
Síndrome de realimentação em pacientes: precauções necessárias
A síndrome de realimentação ocorre em pacientes que estão em um quadro de anorexia prolongada e recebem grandes quantidades de alimento subitamente, podendo resultar em hipocalemia, hipofosfatemia e outros desequilíbrios hidroeletrolíticos.
A partir disso, os sinais clínicos são variáveis e incluem alterações neurológicas, musculares, cardíacas, insuficiência respiratória e coma, podendo evoluir a óbito.
Para evitar que ocorra, a alimentação destes pacientes deve ser realizada de forma gradual, aumentando progressivamente a quantidade de alimento por dia até atingir a necessidade energética total diária.
Nutrição na recuperação de pets: alimentos para pacientes críticos
No paciente crítico, salvo em doenças crônicas que demandam perfis nutricionais específicos, prioriza-se alimentos com maior teor de proteína.
Além disso, que sejam utilizadas fontes de proteína de alta digestibilidade, já que os aminoácidos passam a ser importante fonte de energia, além de promover manutenção da massa magra.
Assim, é importante entender que os alimentos também devem conter alto nível de extrato etéreo (gordura), que possui 2,25x mais energia do que carboidrato e proteína, o que, consequentemente, aumenta a densidade calórica da dieta.
Desta forma, um alimento mais calórico por sua vez, permite que um menor volume seja necessário para suprir a demanda energética do paciente.
Boas opções de alimento para pacientes críticos são os enlatados hipercalóricos ou a ração Premier Nutrição Clínica Gastrointestinal.
Orientações de nutrição para pets em casa
Quando um paciente recebe alta, os cuidados essenciais continuam em casa.
Por isso, é fundamental que os tutores sejam orientados por médico-veterinário para garantir uma recuperação bem-sucedida.
No entanto, a nutrição desempenha um papel crucial nesse processo. A seguir, estão as principais orientações para a alimentação adequada de animais de estimação em casa:
- Administração correta de medicamentos prescritos;
- Acompanhamento dos devidos cuidados pós-tratamento;
- Planejamento alimentar sob orientação de médicos veterinários nutrólogos;
- Alternativas para pets com apetite diminuído ou seletivo;
- O lema: “comer para melhorar” é fundamental na recuperação do animal.
Conclusão
A avaliação nutricional é considerada tão vital quanto os tradicionais parâmetros médicos, e é particularmente crucial em pacientes em estado crítico.
Por isso, a nutrição adequada ajuda a fornecer energia e nutrientes essenciais, evitando deficiências, minimizando problemas metabólicos e mantendo a saúde do intestino.
Desta forma, estudos destacam que fornecer nutrição rapidamente pode acelerar a recuperação. Além disso, estratégias para estimular o apetite, como alterações na textura e no sabor dos alimentos, podem ser eficazes.
É importante entender a síndrome de realimentação e garantir uma transição gradual na alimentação de pacientes anoréxicos.
Quando os cuidados se estendem para casa, a orientação do médico veterinário continua sendo essencial, enfatizando o lema: “comer para melhorar.”
Portanto, a nutrição na recuperação de pets é um aspecto crítico para garantir a saúde e o bem-estar desses companheiros fiéis.