Orientador(a): Thiago Henrique Annibale Vendramini
Instituição: Universidade de São Paulo
Trabalho Classificado na 10ª Edição (2024) do Prêmio de Pesquisa PremieRpet®.
Índice
Resumo
A predisposição do desenvolvimento de doenças associados a fatores nutricionais, como peso corporal (PC), escore de condição corporal (ECC) e escore de massa muscular (EMM), prenuncia a possibilidade de serem utilizados para fundamentar melhores métodos de diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças. Este estudo teve por objetivos constituir uma base de evidências sólidas sobre a prevalência de doenças comuns em cães e desenvolver uma melhor compreensão das associações entre PC, ECC e EMM. Registros médicos documentados entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2023 do Serviço de Nutrologia do HOVET FMVZ/USP foram analisados para obter informações de PC, ECC, EMM e diagnóstico. A análise dos dados foi realizada por meio do programa Statistical Analysis System, versão 9.4, foi considerado um modelo linear simples que contempla apenas o efeito fixo de tratamento. Para comparação entre as medias foi utilizado o teste de Tukey com significância a 5%. Foram identificadas 18 categorias de doenças diagnosticadas, porém, apenas 10 doenças foram selecionadas de acordo com a importância do tratamento nutricional coadjuvante. A maior média de prevalência de ECC foi observada para doenças nutricionais (sobrepeso e obesidade), seguida de doenças osteoarticulares e do trato urinário inferior, com ECC acima do ideal. A menor prevalência média para ECC, a baixo do ideal, foi observada em doenças gastrointestinais, hepáticas e do trato urinário superior. Na análise de EMM, as doenças nutricionais (sobrepeso e obesidade), osteoarticulares e trato urinário inferior exibiram as maiores médias de prevalência. Enquanto que, as doenças do trato urinário inferior prevaleceram com a menor média entre as doenças. As doenças nutricionais (sobrepeso e obesidade), osteoarticulares e do trato urinário inferior possuem fator de risco relacionadas ao balanço energético positivo dos animais, por decorrência da ingestão calórica exacerbada. Enquanto que, para doenças do trato gastrointestinal, hepáticas, e do trato urinário superior observa-se a diminuição da absorção e aproveitamento dos nutrientes da dieta e alterações metabólicas, contribuem para a redução do ECC e EMM nos pacientes. Desta forma, é possível concluir que as diversas categorias de doenças na rotina clínica veterinária parecem estar associadas ao ECC e EMM do paciente.
Palavras chave: caninos, enfermidades, gastrointestinal, obesidade, osteoarticular
Introdução
Segundo o Euromonitor International (2023), 69,0% dos tutores consideram os animais de estimação como membros familiares amados. Sob estas perspectivas, o estreitamento do vínculo homem-animal e a humanização dos cães, têm influenciado as práticas de boa saúde e bem-estar dos animais (GRAY; FORDYCE, 2020). Entre estas práticas, destaca-se a importância do manejo nutricional adequado para promover maior saúde, longevidade e qualidade de vida para os cães e gatos (CLINE et al., 2021).
A nutrição é considerada o quinto parâmetro vital no exame clínico veterinário de pequenos animais (FREEMAN et al., 2011). Desta forma, faz-se necessária a avaliação nutricional do paciente a cada consulta, para avaliação de importantes fatores, como peso corporal (PC), escore de condição corporal (ECC) e escore de massa muscular (EMM) (CLINE et al., 2021). Com a intensão de identificar fatores de risco prejudiciais à saúde e que estão relacionados a nutrição do paciente (FREEMAN et al., 2011). Por exemplo, a avaliação do ECC é fundamental para identificar pacientes em condição corporal ideal, magros ou obesos (LAFLAMME, 1997). Assim como, o EMM caracteriza pacientes de acordo com a massa muscular normal ou com perda muscular leve, moderada ou grave (MICHEL et al., 2011; FREEMAN et al., 2019). Deste modo, fatores nutricionais devem ser implementados de acordo com as condições médicas apresentadas pelos pacientes caninos e felinos (CLINE et al. 2021).
Assim, faz-se necessária a compreensão aprofundada de como o PC, ECC e EMM afetam diferentemente o risco de desenvolvimento de doenças. Pelo qual, observa-se a predisposição de doenças relacionadas a obesidade, como doenças ortopédicas (FRYE; SHMALBERG; WAKSHLAG, 2016), cardiovasculares (TROPF, 2017; ARFAEE, 2023), respiratórias (CHANDLER, 2016; PEREIRA-NETO et al., 2019), endócrinas (BRUNETTO et al., 2011) e oncológicas (MARCHI et al., 2022; MARSHALL, CHEN) para cães. Da mesma forma, os processos de caquexia e sarcopenia, avaliados através da EMM, possuem impacto negativo sob o paciente canino (FREEMAN, 2012). Portanto, a predisposição a comorbidades associados à PC, ECC e EMM, prenuncia a possibilidade destes fatores serem utilizados para fundamentar melhores métodos de diagnóstico, tratamento e prevenção, bem como, melhorar a qualidade de vida dos cães.
Objetivos
Este estudo teve por objetivo constituir uma base de evidências sólidas sobre a prevalência de doenças comuns em cães no setor de nutrologia, e desenvolver uma melhor compreensão das associações entre peso corporal, escore de condição corporal, escore de massa muscular.
Material e métodos
Os registros médicos documentados entre 1º de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2023 do Serviço de Nutrologia do Hospital Veterinário da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ/USP) foram analisados para obter informações de PC, ECC, EMM e diagnóstico. Com base nos registros, respeitou- se a avaliação do médico veterinário para a classificação do ECC e EMM, de acordo com Laflamme (1997) e Michael et al. (2011), respectivamente. As categorizações das doenças foram estabelecidas com base no sistema corporal afetado, diagnósticos clínicos e a importância da abordagem nutricional coadjuvante no tratamento. A análise dos dados foi realizada por meio do programa Statistical Analysis System, versão 9.4 (SAS Institute Inc., Cary, NC, EUA). Para análise estatística foi considerado um modelo linear simples que contempla apenas o efeito fixo de tratamento. Para comparação entre as medias foi utilizado o teste de Tukey com significância a 5%.
Resultados
Foram identificadas 18 categorias de doenças diagnosticadas, porém, apenas 10 doenças foram selecionadas de acordo com a importância do tratamento nutricional coadjuvante. As quais destacaram-se doenças dermatológicas, cardíacas, gastrointestinais, trato urinário superior, trato urinário inferior, endócrinas, hepáticas, nutricionais (sobrepeso e obesidade), oncológicas e osteoarticulares. As tabelas a seguir, demonstram a associação de cada destas doenças para a média de PC dos animais (Tabela 1).
Em relação ao ECC médio, a maior prevalência foi observada para doenças nutricionais (sobrepeso e obesidade) (Tabela 2). As doenças osteoarticulares e do trato urinário inferior apresentaram a segunda maior média de prevalência relacionadas ao ECC. A menor prevalência média para ECC foi observada em doenças gastrointestinais, hepáticas e do trato urinário superior, como representado na Figura 1. Na análise de EMM, as doenças nutricionais (sobrepeso e obesidade), osteoarticulares e trato urinário inferior exibiram as maiores médias de prevalência (Tabela 2). Ao passo que, as doenças do trato urinário inferior prevaleceram com a menor média entre as doenças (Figura 2).
Tabela 1. Peso corporal médio (± erro padrão da média) dos cães atendidos no serviço de nutrologia de acordo com a categoria de doença diagnosticada
Tabela 2. Escore de condição corporal (± erro padrão da média) dos cães atendidos no serviço de nutrologia de acordo com a categoria de doença diagnosticada
Tabela 3. Escore de massa muscular (± erro padrão da média) dos cães atendidos no serviço de nutrologia de acordo com a categoria de doença diagnosticada
Discussão
Este é o único estudo que se propôs a analisar prontuários e dados veterinários do atendimento específico do setor de nutrição clínica para descrever a prevalência de PC, ECC e EMM nas principais doenças da rotina clínica. Outros estudos propuseram-se a avaliar a relação doença e ECC em cães, porém, não abordaram todos os componentes do exame físico nutricional conforme as recomendações da WSAVA, como o presente estudo (LUND et al., 2006; CHIANG et al., 2022).
Em relação a avaliação das médias de PC dos pacientes, é importante destacar que o PC dos cães varia conforme a raça e porte do paciente. Sendo utilizado como uma ferramenta para monitorar o ganho ou perda de peso diante da doença (FREEMAN et al., 2011; BROOKS et al., 2014; CLINE et al., 2021). A maior média de ECC foi relacionado a categoria de doenças nutricionais, sendo elas sobrepeso e obesidade. Para a qual A prevalência de sobrepeso e/ou obesidade em cães aumenta a cada ano (READ, 2019). Estas doenças caracterizam-se pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo, de 10 a 15% em comparação ao ideal do paciente, para cada aumento na escala de Laflamme (1997) (BROOKS et al., 2014; SHEPHERD, 2021). A obesidade é o distúrbio nutricional mais comum em animais de companhia (GERMAN, 2006a). Apesar da obesidade possuir etiologia multifatorial, o principal fator de risco está relacionado ao balanço energético positivo dos animais, por decorrência da ingestão calórica exacerbada (PORSANI et al., 2020).
As doenças osteoarticulares e do trato urinário inferior exibiram a segunda maior prevalência na avaliação do ECC. De modo que, a média dos animais está acima do ECC ideal, de acordo com Laflamme (1997). Estes resultados corroboram com a literatura, para a qual, a obesidade predispõe a doenças osteoarticulares (FRYE; SHMALBERG; WAKSHLAG, 2016) e urinárias (GERMAN, 2006b). Injúrias articulares podem ser causadas pelo estresse mecânico decorrente do excesso de peso (KULKARNI et al., 2018). Além disso, fatores relacionados a síndrome metabólica da obesidade, entre eles a inflamação crônica do paciente, contribuem para progressão das doenças osteoarticulares (VISSER et al., 2015). Uma vez que, as concentrações de adipocinas no líquido sinovial associam-se à gravidade da osteoartrite (GROSS et al., 2014). Para as doenças do trato urinário inferior, a ocorrência de urolitíase de oxalato de cálcio é maior para animais em sobrepeso e obesidade, assim como aumenta-se o risco de desenvolvimento para outras enfermidades do sistema urinário (LEKCHAROENSUK et al., 2000). Segundo Vendramini et al. (2021), cães obesos apresentam menores concentrações de citrato, quando comparado a cães com ECC ideal, o que pode justificar o aumento da predisposição à urolitíase nestes animais.
Os pacientes caninos portadores de doenças do trato gastrointestinal, hepáticas e do trato urinário superior apresentaram a menor média de ECC, ou seja, valores a baixo do ideal de acordo com a escala de 9 pontos (LAFLAMME, 1997). De maneira geral, as doenças gastrointestinais e hepáticas possuem como característica a diminuição da absorção e aproveitamento dos nutrientes da dieta (LENOX, 2021), o que justifica a perda de peso e o menor valor de ECC dos pacientes. Desta maneira, o manejo nutricional para estes pacientes deve priorizar a alta digestibilidade da dieta (RUDINSKY; ROWE; PARKER, 2018). Enquanto que, a maior prevalência de doença do trato urinário superior em cães relaciona-se a doença renal crônica (DRC) (POLZIN, 2011). O ECC abaixo do ideal para pacientes com DRC é análogo a manifestações clínicas patognomônicos de hiporexia e anorexia, consequentes as diversas alterações metabólicas causadas pela doença (RUDINSKY et al., 2018). Para ambas as doenças, torna-se essencial atender à necessidade energética do paciente, com objetivo de restaurar e manter a condição corporal ideal (QUIMBY, 2020; LENOX, 2021).
As doenças nutricionais (sobrepeso e obesidade), osteoarticulares e trato urinário inferior apresentaram a maior média de prevalência para EMM. Apesar de não houver correlação clínica entre as avaliações de ECC e EMM (LAFLAMME, 1997; MICHEL et al., 2011). O maior valor observado do EMM é uma consequência do aumento do ECC nestes pacientes. Em função, do excesso de nutrientes e calorias ingeridas por estes pacientes. A respeito das doenças do trato urinário superior, observou-se para estas, as menores médias de prevalência de EMM nos pacientes. Neste caso, os mediadores inflamatórios, envolvidos na fisiopatogenia da DRC, não permitem a adaptação metabólica necessária ao organismo para catabolizar em primeira demanda o tecido adiposo (FREEMAN et al., 2011). Consequentemente, o catabolismo da massa muscular é intensificado, pois o organismo utiliza os aminoácidos como fonte de energia primária (RUBIN, 1997).
Assim, as diversas doenças crônicas que acometem os cães impactaram no aumento ou redução do PC, EMM e ECC. É importante ressaltar que a avaliação é imprescindível para todos os pacientes (BROOKS, 2014). A nutrição é a base para saúde e bem-estar dos animais de estimação. Sendo assim, recomendações nutricionais devem ser instituídas no suporte terapêutico de doenças dos cães (CLINE, 2021).
Conclusão
Conclui-se que as diversas categorias de doenças na rotina clínica veterinária parecem estar associadas ao ECC e EMM do paciente. No entanto, as doenças nutricionais (sobrepeso e obesidade, gastrointestinais, hepáticas e do trato urinário superior e inferior demonstraram maior impacto sobre essas variáveis. A consciência destas alterações pode auxiliar médicos veterinários no diagnóstico, tratamento e prevenção destas doenças.
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