Descubra aqui o que são os beta-glucanos e como eles podem ajudar na nutrição, avaliando o impacto na saúde e o bem-estar, do seu pet.
A nutrição de cães e gatos está em constante evolução, e caminha em consonância com as descobertas e avanços da nutrição humana.
Pesquisas promissoras nesta área concentram-se em alimentos que impactam o metabolismo de macronutrientes, possuem propriedades antioxidantes e estimulam mecanismos imunomodulatórios.
Neste sentido, os ingredientes funcionais oferecem benefícios adicionais quando comparados às matérias-primas convencionais. Isto se deve à presença de componentes fisiologicamente ativos, que podem ser encontrados naturalmente em determinadas fontes alimentares ou adicionados por meio de fontes exógenas concentradas.
Dentre os ingredientes empregados nas formulações de dietas para cães e gatos, os prebióticos são um grupo funcional muito utilizado.
Por definição, são substratos utilizados de forma seletiva por microrganismos benéficos do intestino, os quais conferem benefícios à saúde intestinal e geral do hospedeiro (GIBSON et al., 2017).
Sua principal função é a modulação do microbioma intestinal (OUZGUN et al., 2017), dada por meio da ativação metabólica ou do estímulo ao crescimento de bactérias benéficas, as quais são responsáveis por competir com estirpes patogênicas (ROBERFROID et al., 2010).
Os prebióticos comumente utilizados na nutrição de cães e gatos são os mananoligossacarídeos, frutooligossacarídeos, galactooligossacarídeos e os beta-glucanos.
O que são os beta-glucanos?
São componentes da parede celular de algumas algas, bactérias, fungos, leveduras e de fontes cereais, como a aveia e a cevada (BROWN; GORDON, 2003).
Estas fibras apresentam uma característica denominada relação estrutura-atividade, o que as permite desempenhar distintas funções biológicas a depender da sua estrutura molecular (KAUR et al., 2020).
Na nutrição de cães e gatos, a fonte mais estudada é obtida da parede celular da levedura Saccharomyces cerevisiae, cuja parede extracelular apresenta os beta-glucanos como componentes internos em sua estrutura (MANNERS et al., 1973).
De forma geral, os mecanismos de ação elucidados relacionam-se com imunomodulação, potencial antioxidativo e antitumoral, ação hipoglicemiante e hipocolesterolemiante e modulação do microbioma intestinal (VETVICKA et al., 2019).
Beta-glucanos na alimentação
Em cães, estudos realizados com a inclusão de beta-1,3/1,6-glucano purificado na alimentação demonstraram efeitos favoráveis na regulação da glicose (VETICKA; DE OLIVEIRA, 2014), no metabolismo lipídico (FERREIRA, 2022) e na função imunológica (DE OLIVEIRA et al., 2019; STUYVEN et al., 2010; RYCHLIK et al., 2013).
Através da fermentação e da produção de metabólitos, a microbiota fornece nutrientes ao hospedeiro e garante o funcionamento ideal de tecidos como o tecido linfoide associado ao intestino (GALT), considerado o maior tecido imunológico do organismo (SUCHODOLSKI et al., 2012).
Impacto de beta-glucanos na saúde e bem-estar dos felinos
Existe um número limitado de estudos que avaliam o impacto da suplementação de beta-glucanos na saúde e bem-estar dos felinos.
Assim como para os cães, a inclusão de beta-glucanos na dieta de gatos adultos pode impactar na modulação da microbiota intestinal e função imunológica (DE OLIVEIRA MATHEUS et al., 2021), reduzir a colonização por microrganismos patogênicos (SANTOS et al., 2018) e nos parâmetros sanguíneos relacionados à obesidade (RISOLIA, L. W, 2021).
Conclusão
Desta forma, este nutracêutico promissor é de particular interesse no estudo de doenças crônicas que acometem cães e gatos.
A literatura existente abrange um extenso número de pesquisas sobre os efeitos positivos dos beta-glucanos, e busca compreender melhor sua aplicabilidade e a qualidade geral da evidência de seu uso.