Orientador(a): Diego Marques Costa Silva
Instituição: Universidade Estadual do Maranhão – UEMA
Trabalho Classificado na 10ª Edição (2024) do Prêmio de Pesquisa PremieRpet®.
Índice
Resumo
Assim como os humanos, os cães, com o passar dos anos, tem suas funções fisiológicas e metabólicas diminuídas. Dessa maneira, é imprescindível que nesta fase da vida esses animais tenham uma alimentação adequada que supra todas suas necessidades energéticas e nutricionais diárias. Nesse contexto, a presente revisão bibliográfica tem como objetivo analisar o cenário atual sobre alimentação de cães e gatos em estado senil, a fim de apresentar e discutir a importância da implementação das principais substâncias nutricionais que devem estar presente na alimentação de animais em processo de envelhecimento e como a falta ou o excesso delas pode influenciar no metabolismo animal, bem como apresentar alternativas para compor a dieta desses animais.
Palavras chave: Alimentação de animais idosos, manejo alimentar, cães e gatos
Introdução
Assim como os humanos, os cães, com o passar dos anos, tem suas funções fisiológicas e metabólicas diminuídas. Dessa maneira, é imprescindível que nesta fase da vida esses animais tenham uma alimentação adequada que supra todas suas necessidades energéticas e nutricionais diárias. (Krolow, et al, 2021) Nesse contexto, segundo a Federação Europeia da Indústria de Alimentos para Animais de Estimação (FEDIAF), há afecções típicas dessa fase da vida nesses animais, como as alterações relacionadas com a idade nas funções cognitivas, comportamento, pele, trato digestório, sistema cardiovascular, trato respiratório, doenças degenerativas articulares e esqueléticas, doenças urinárias e endócrinas, logo, ao pensar no manejo alimentar de animais idosos, deve-se pensar em todos os efeitos que essas anormalidades terão sobre as suas atividades diárias, bem como sobre as necessidades energéticas e nutricionais que irão demandar do organismo do animal.
Por conseguinte, a presente revisão bibliográfica tem como objetivo analisar o cenário atual sobre alimentação de cães e gatos em estado senil, a fim de apresentar e discutir a importância da implementação das principais substâncias nutricionais que devem estar presente na alimentação de animais em processo de envelhecimento e como a falta ou o excesso delas pode influenciar no metabolismo animal, visto que, segundo a FEDIAF, a população mundial de animais idosos vem aumentando cada vez mais e há uma escassez dietas direcionadas para cães e gatos que apresentam doenças típicas associadas ao envelhecimento. Portanto, para a realização do trabalho, será realizada uma revisão de literatura dos artigos publicados nos últimos anos que tenham como enfoque a temática central desta revisão, a fim de destacar o que hodiernamente é discutido sobre o assunto.
Revisão Bibliográfica
Na atualidade observa-se um aumento de cães e gatos em ambientes domésticos, bem como um aumento da sua expectativa de vida junto aos seus tutores, visto que cada vez mais esses animais estão tendo uma melhor nutrição, programas de vacinação, diagnóstico precoce de algumas doenças de alta mortalidade, maior acurácia de métodos diagnóstico e protocolos terapêuticos mais específicos e eficazes (ROCHA, M.L. et al, 2013) Desse modo, é imprescindível que as necessidades básicas que esses animais demandam para se ter uma vida saudável estejam disponíveis pra a eles. Por conseguinte, um dos pilares para que o animal tenha uma velhice saudável é o oferecimento de alimentos que lhe dão energia e que tenham um valor nutricional adequado para esses pets nesse estágio de vida. (Krolow, et al, 2021).
Segundo (Krolow, et al, 2021) ao citar (Case et al., 2011), destaca que nesta fase da vida esses animais tem uma diminuição considerável de massa magra, o que torna indispensável o fornecimento de alimentos ricos em proteínas de alta qualidade e de fácil digestibilidade para eles. Ademais, quanto a problemática acerca da restrição proteica que os cães e gatos com doença renal crônica podem apresentar, autores como (Laflamme, 2012) salientam que ela não é eficiente. Em contra ponto, (Barbosa et al., 2019) destaca que, a restrição proteica para esses animais pode sim ter algum nível de benefício, mas a conduta a ser tomada deve respeitar as particularidades de cada caso.
No tocante ao oferecimento de alimentos com um alto índice de lipídios, que são, de maneira geral, ricos energicamente e indispensáveis para a alimentação de animais, uma vez que são responsáveis pelo fornecimento da palatabilidade dos alimentos, bem como realização de outras funções estruturais relacionadas ao funcionamento do organismo (Santos, 2016), no que se refere na inserção de lipídios na dieta de animais idosos, (Krolow, et al, 2021) destaca que, para esses animais, uma dieta com baixo teor de lipídios pode ser benéfica, uma vez que o organismo de cães e gatos idosos é mais lento para metabolizar os lipídios e também por conta da baixa necessidade energética que esses animais tem nessa fase da vida.
No entanto, (Laflamme, 2012), citado por (Krolow, et al, 2021) salienta que se faz necessário uma avaliação criteriosa de cada paciente pelo médico veterinário nutricionista, a fim de buscar, individualmente, as quantidades exatas de lipídios que será incluída na dieta do animal idoso, posto que nessa fase da vida um dos problemas que pode surgir é o sobrepeso nesses animais, em virtude de que muitos tem hábitos sedentários e uma ingestão alta de lipídios pode favorecer o aparecimento de um quadro de obesidade.
Em relação as demais substâncias essenciais para o bom funcionamento do organismo de animais em processo de envelhecimento, a Federação Europeia da Indústria de Alimentos para Animais de Estimação (FEDIAF) destaca que em relação as fibras, as dietas para esses animais devem conter fibra suficiente para assegurar a motilidade intestinal adequada, devido ao fato de que o trato digestório desses animais muda nessa fase da vida. Ainda segundo a (FEDIAF), as recomendações para inserção de minerais na alimentação de cães idosos são desconhecidas, mas recomenda que não se deva exceder as recomendações para adultos.
Ademais, a mesma salienta que os teores de cálcio e fósforo e a relação Ca/P adequada devem ser mantidas e que os sais minerais utilizados devem ter solubilidade adequada para que quantidades suficientes sejam absorvidas. No que se refere ao aporte vitamínico, a (FEDIAF) recomenda que se deve seguir as recomendações para manutenção do metabolismo. E destaca que o fornecimento de vitamina E é imprescindível para a prevenção de danos às células causados por metabólitos oxidativos, além disso revela que outras substancias antioxidantes ajudam a prevenir disfunções cognitivas e também ajudam na manutenção da função imunológica, no entanto, atualmente não há conhecimento suficiente sobre as relações dose-resposta.
Outro ponto que deve ser destacado nesta revisão, é a possibilidade de oferecer para esses animais uma alimentação natural ou orgânica, que segundo (Saad, et al, 2010), traz mais confiabilidade ao tutor quando o assunto é asseguridade alimentar e qualidade nutricional. Ainda segundo a autora supracitada, o fato desses alimentos serem livres de ingredientes artificiais aumenta a escolha deles pelos tutores. No entanto, apesar de todas os benefícios advindos da alimentação natural, a Food and Drug Administration (FDA) salienta que o os riscos de contaminação biológica, com destaque para a salmonelose, toxoplasmose e as verminoses diversas são os pontos fracos das dietas naturais cruas, uma vez que esses alimentos não passam por um processamento para eliminação de possíveis bactérias e parasitas que estejam presente na neles.
Nesse contexto, apesar dos grandes benefícios que esse tipo de alimentação pode trazer para os animais em estado senil, deve-se ter atenção ao oferecer, para esses animais, uma dieta baseada em alimentos naturais e orgânicos, pois, como supramencionado, um dos grandes impasses acerca dessa alimentação é a infecção por parasitas e bactérias que, para animais idosos, a manifestação de doenças oriundas desse tipo de infecção pode ser fatal.
Considerações finais
Diante do exposto, é imprescindível investir na alimentação de cães e gatos idosos, posto que nessa fase da vida esses animais requerem diversas necessidades nutricionais a fim de suprir, adequadamente, as suas funções metabólicas. Ademais, torna-se urgente a realização de estudos acerca dessa temática, visto que a literatura atual é mais focada em discutir o manejo alimentar de animais no geral, e há uma pobreza em estudos brasileiros voltados para o manejo alimentar de animais idosos. E, hodiernamente, como foi destacado ao longo desse trabalho, há uma incidência de animais domésticos entrando em estado senil, o que reforça mais ainda a necessidade de trabalhos voltados para eles, a fim de aumentar a qualidade de vida desses animais.
Referências bibliográficas
Barbosa, C. R., Picanço, Y. S., Cabral, I. S., Pires, A. P., Costa, L. F. A., Amaral, T.
- S., Pantoja, J. C & Passos, C. T. S. (2019). Manejo nutricional de cães e gatos nefropatas. PUBVET, 13 (1), 1-8.
Case, L..; Daristotle, L., Hayek, M. G. & Raasch, M. F. (2011). Canine and Feline Nutrition: a resource for companion animals professionals. 3. ed. MarylandHeights: Elsevier.
European Pet Food Industry Federation – FEDIAF. (2018). Nutritional Guidelines for Complete and Complementary Pet Food for Cats and Dogs. Bruxelas: Fédération Européenne de l´Industrie des Aliments pour Animaux Familiers.
FOOD AND DRUG ADMINISTRATION. Bacteriological analytical manual. 7.ed. Arlington: Association of Official Analytical Chemists International, 1992.
Krolow, T. M., Lima, M, C., Rondelli, H, V, M., Nobre, O, M. (2021). A importância do planejamento nutricional na alimentação de cães e gatos domésticos ao longo de seu ciclo biológico: Uma revisão. Research, Society and Development, v. 10, n. 9.
Laflamme, D. P. (2012). Nutritional Care for Aging Cats and Dogs. Veterinary Clinics: Small Animal Practice., 42 (1), 769-791.
Rocha, M.L. et al. Qualidade de vida de cães e gatos idosos. PUBVET, Londrina, V. 7, N. 4,Ed. 227, Art. 1504, 2013. Santos, J. P. F. (2016). Nutrição Animal. Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Saad, F, M, O, B., França, J. (2010). Alimentação natural para cães e gatos. R. Bras. Zootec., v.39, p.52-59, 2010.