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Importância do manejo nutricional em animais idosos

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Autor(a): Isabelle de Jesus Rocha da Silva

Orientador(a): Deigo Marques Costa Silva

Instituição: Universidade Estadual do Maranhão (UEMA)

Trabalho Classificado na 10ª Edição (2024) do Prêmio de Pesquisa PremieRpet®.

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Índice

Resumo

Este estudo revisa a importância do manejo nutricional em animais idosos, ressaltando os avanços na medicina veterinária que têm contribuído para a longevidade desses animais. A classificação de cães como idosos deve ser baseada em uma avaliação individualizada de suas características, não apenas na idade. A nutrição desempenha um papel crucial na saúde e no bem-estar dos animais idosos, sendo essencial oferecer uma dieta equilibrada que atenda às suas necessidades específicas. As exigências nutricionais dos animais idosos variam devido ao processo de envelhecimento, incluindo mudanças na taxa metabólica, função renal e composição corporal. A ingestão adequada de proteínas, gorduras e fibras é fundamental para preservar a massa muscular, prevenir a obesidade e manter a saúde intestinal. Um manejo nutricional adequado pode ajudar a prolongar a vida e melhorar a qualidade de vida dos animais de estimação na velhice.

Palavras-chaves: Nutrição, animais idosos, manejo nutricional, envelhecimento

Abstract

This study reviews the importance of nutritional management in elderly animals, highlighting the advances in veterinary medicine that have contributed to the longevity of these animals. Classifying dogs as seniors should be based on an individualized assessment of their characteristics, not just age. Nutrition plays a crucial role in the health and well-being of senior animals, and it is essential to offer a balanced diet that meets their specific needs. The nutritional requirements of older animals vary due to the aging process, including changes in metabolic rate, kidney function and body composition. Adequate intake of proteins, fats and fiber is essential for preserving muscle mass, preventing obesity and maintaining intestinal health. Proper nutritional management can help prolong the life and improve the quality of life of pets in old age.

Keywords: Nutrition, elderly animals, nutritional management, aging

Introdução

Atualmente, os cães estão alcançando um tempo vida mais longo, diferente do observado há duas décadas, graças aos avanços na área da medicina veterinária. Esses avanços incluem o desenvolvimento e disponibilidade de medicamentos veterinários fornecidos pela indústria farmacêutica. Além disso, o setor pet está em constante crescimento, oferecendo aos donos de animais uma ampla variedade de produtos. Esse aumento na disponibilidade de produtos pet tem despertado um interesse significativo em questões relacionadas ao envelhecimento canino, tanto por parte dos proprietários quanto dos profissionais veterinários que lidam com pequenos animais (ASSUMPÇÃO, 2010).

De maneira geral, os cães podem ser classificados como geriátricos quando alcançam o terço final de sua expectativa de vida. No entanto, é importante não rotular o animal como idoso apenas com base em sua idade, pois cada um deve ser avaliado individualmente, considerando suas particularidades e características próprias (HOSKINS, 2008). Para Ettinger e Feldman, o envelhecimento é um processo biológico complexo que leva à diminuição gradual da capacidade do animal de manter a homeostase diante de estresses fisiológicos, tornando-o mais suscetível a doenças. Dessa forma, diversos fatores, como nutrição, genética e ambiente, podem influenciar a velocidade desse processo e o surgimento de doenças nos animais (2004).

Segundo Hoskins (2008), dentro do aspecto nutricional, algumas das mudanças que ocorrem incluem uma maior propensão à obesidade devido à diminuição do metabolismo, dificuldade em sentir o sabor dos alimentos, resultando em diminuição do apetite, redução do olfato, secreções de saliva, secreções gastrintestinais e enzimáticas, além de problemas bucais que podem causar dor durante a mastigação.

Nesse sentido esta revisão bibliográfica tem como objetivo demonstrar como a nutrição na idade avançada pode ser importante para evitar progressões de doenças, melhorar a qualidade de vida e prolongar a vida desses animais.

Desenvolvimento

Importância do Manejo Nutricional

Segundo as análises de Figueiredo (2006), ao adaptar a dieta de cães e gatos mais velhos, o principal propósito é prolongar e melhorar a qualidade de vida desses animais. Este processo envolve não apenas abordar questões pré- existentes, mas também diminuir ou eliminar os sintomas associados a doenças já desenvolvidas, retardando ou até mesmo prevenindo sua evolução. Além disso, é crucial manter um peso corporal ideal para garantir a saúde e o bem-estar ótimos ao longo do tempo.

Dessa maneira, segundo Carciofi & Jeremias (2010), os cães idosos refletem em sua saúde o que consumiram ao longo de suas vidas, podendo apresentar problemas ósseos, obesidade ou falta de apetite nessa fase. Para alcançar longevidade e saúde, a nutrição adequada é fundamental, evitando tanto a superalimentação quanto a escassez de nutrientes. Uma dieta equilibrada proporciona melhor qualidade de vida e reduz os problemas metabólicos associados à idade avançada.

Conforme Hoskins (2008), devido à grande variabilidade nos efeitos do envelhecimento em cães e gatos, o manejo alimentar dos animais idosos deve ser altamente personalizado e individualizado. Por exemplo, pesquisas conduzidas nos Estados Unidos demonstraram que cães mais velhos demandam uma maior ingestão de proteínas para preservar sua massa muscular. No entanto, em casos de animais com doenças renais, esses níveis devem ser reduzidos (ALMOSNY, 2008).

Exigências Nutricionais

Em via de regras gerais, parte-se do pressuposto de que as exigências nutricionais para manter um adulto são suficientes também para cães ou gatos idosos. No entanto, ao longo do processo de envelhecimento, diversas alterações podem ocorrer, afetando a habilidade do animal idoso em buscar, consumir, digerir e aproveitar os nutrientes disponíveis (Ruiz, 2013).

Água

Cães idosos enfrentam maior risco de desidratação devido a possíveis mudanças nos mecanismos de regulação osmótica, uso de medicamentos e doença renal crônica, que compromete a capacidade de concentração da urina (Hand et al., 2000). Já para gatos idosos, a água é um nutriente crítico para a saúde nessa fase da vida. A idade diminui a sensibilidade à sede, especialmente em felinos, cuja sensibilidade é menor em comparação com outras espécies.

Além disso, o declínio da função renal associado à idade pode aumentar a perda de água devido à redução da capacidade de concentrar a urina. Essas características em conjunto tornam os gatos geriátricos mais propensos à desidratação. A ingestão de água em gatos saudáveis que não apresentam aumento na perda de líquidos varia de 200 a 250 mL por dia. Esse volume inclui água livre, água metabólica e água presente nos alimentos (Hand et al., 2000). É fundamental que, para ambas as espécies, haja sempre água potável disponível e acessível para promover a ingestão adequada.

Energia

De acordo com Dzanis (2008), o avanço da idade é marcado por uma diminuição na taxa metabólica e na massa corporal magra. Essas mudanças indicam que as necessidades energéticas da dieta do animal idoso são menores do que as de um adulto jovem em fase de manutenção. Conforme observado por Hand (2000), à medida que os cães envelhecem, eles tendem a se tornar menos ágeis e menos ativos, podendo também apresentar deterioração da função tireoideana. Essas alterações resultam em uma redução de aproximadamente 12 a 13% no Requerimento Energético Diário total (RED) por volta dos sete anos de idade.

Assim, de acordo com as observações de Laflamme (2005), é imprescindível regular a oferta de energia para preservar a condição corporal ideal dos animais. A quantidade de energia fornecida precisa ser estabelecida considerando o escore de condição corporal como um indicador fundamental para essa determinação.

Proteínas

Segundo as recomendações de Case et al. (2011), para animais idosos, é recomendável fornecer proteína de alta qualidade e em quantidade adequada para atender às necessidades dos aminoácidos essenciais, visando minimizar os efeitos das perdas naturais de massa muscular magra associadas à idade.

Como é acrescentado por FEDIAF (2021),em alguns casos excepcionais, como doenças específicas em estágios avançados, podem ser necessários ajustes quantitativos ou qualitativos no fornecimento de proteína. Por exemplo, quando a função renal está comprometida, o consumo excessivo de proteínas pode contribuir para a progressão da doença renal. Reduzir a ingestão de proteínas nos estágios iniciais da doença renal canina pode melhorar o estado geral do animal (HAND et al., 2000).

Gordura

Conforme observado por Hand et al. (2000), a fim de prevenir a obesidade em cães idosos saudáveis, é aconselhável manter uma ingestão moderada de gordura. No entanto, à medida que os cães envelhecem, suas necessidades alimentares podem variar. Por exemplo, cães com sete anos podem necessitar de uma dieta diferente daqueles com 13 anos. Além disso, cães muito idosos tendem a perder peso. Nesses casos, aumentar o teor de gordura na dieta pode proporcionar maior ingestão de energia, melhorar a palatabilidade dos alimentos e otimizar a utilização das proteínas.

Em geral, recomenda-se que os níveis de gordura representem entre 7% e 15% da matéria seca para a maioria dos cães idosos. Com relação aos gatos, Case et al. (2011), sugere que é possível que uma ligeira redução na quantidade de gordura na dieta seja vantajosa para gatos geriátricos, desde que esta seja altamente digestível e contenha uma quantidade adequada de ácidos graxos essenciais. Considerando que as necessidades energéticas diminuem com a idade, a redução calórica resultante da diminuição do teor de gordura na dieta também pode contribuir para uma menor densidade energética do alimento.

Além desses nutrientes é sugerido por FEDIAF (2021), que as dietas destinadas a cães idosos devem incluir uma quantidade adequada de fibra para garantir um bom funcionamento intestinal. Tanto as fibras fermentáveis quanto as não fermentáveis têm impactos benéficos na saúde intestinal, fornecendo substratos importantes para a microbiota intestinal

Considerações finais

É notável que conforme o avanço da Medicina Veterinária, os animais têm alcançado uma longevidade de vida maior. Considerando isso, é importante que os tutores se mantenham atentos aos cuidados com os cães e gatos idosos. Um desses cuidados, deve ser a alimentação. Conforme apresentado nesta revisão, um bom manejo nutricional, atendendo as exigências nutricionais, pode garantir uma melhor qualidade de vida e ajudar no prolongamento de vida desses animais. Destaca-se também a importância de que seja feito um manejo nutricional adequado e individualizado, priorizando as exigências de cada animal.

Referências bibliográficas

ALMOSNY, N. Cuidados com cães e gatos idosos. WALTHAM News. Rio de Janeiro, 2008.

ASSUMPÇÃO, A. L. K. Introdução a Clínica Geriátrica do Cão. Monografia de conclusão do curso de Graduação em Medicina Veterinária – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre – RS, 2010.

CARCIOFI, A. C., & JEREMIAS, J. T. Progresso científico sobre nutrição de animais de companhia na primeira década do século XXI. Revista Brasileira de Zootecnia, 39, 35–41, 2010.

CASE, L. P.; CAREY, E.P.; HIRAKAWA, D.A.; DARISTOTLE, L. Canine and feline

nutrition: a resource for companion animal professionals. 3 ed. Maryland Heights: Mosby, 2011. 576p.

DZANIS, D. A. Necessidades nutricionais e manejo dietético. In: HOSKINS, J.

  1. Geriatria e gerontologia do cão e do gato. 2 ed. São Paulo: Roca, 2008. p.21- 32

ETTINGER, S.T; FELDMAN, E.C. Tratado de Medicina Interna Veterinária. 5 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2004.

FEDIAF –Federação Européia da Indústria de Alimentos para Animais de Estimação. Declaração sobre Nutrição de Cães Idosos. FEDIAF Diretrizes Nutriocionais, 2021.

FIGUEIREDO, C. Geriatria Clínica dos caninos e felinos. 1 ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2005.

HAND, M. S.; THATCHER, C.D.; REMILLARD, R.L. Nutrición Clínica en

Pequeños Animales. 4 ed. Bogotá, 2000.

HOSKINS, J.D. Geriatria e gerontologia do cão e do gato. 2 ed. São Paulo: Editora Rooca, 2008.

LAFLAMME, D. P. Nutrition for aging cats and dogs and the importance of body condition. Veterinary Clinics Small Practice, v.35, p.713-742, 2005.

RUIZ, D.C. A importância da nutrição do cão e do gato na senilidade. Trabalho de conclusão do curso de Graduação em Medicina Veterinária – Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre – RS, 2013.

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