Pesquisar
Close this search box.

Status da Vitamina D e sua Associação com Enfermidades não Ósseas em Pets

Banner blog vet cão se alimentando
Banner blog vet cão se alimentando

Descubra como a vitamina D afeta a saúde dos pets além dos ossos. E como garantir a saúde e o bem-estar dos nossos animais de companhia.

Rafael Vessecchi Amorim Zafalon
Médico Veterinário, formado em 2015 pelo Centro Universitário de Rio Preto-UNIRP. Possui Mestrado em Nutrição e Produção Animal com ênfase em Nutrição e Nutrologia de Cães e Gatos pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade de São Paulo (USP). Doutorando pela mesma instituição e mesma área de atuação.

Na contemporaneidade, a humanização dos nossos animais de companhia encontra-se em constante ascendência e, frequentemente, assuntos que passeiam entre a medicina humana e a medicina veterinária são cada vez mais explorados no atual cenário.

A chamada “geração Z” busca, cada vez mais, espelhar seus valores, hábitos e costumes em seus pets.

Diante do cenário descrito acima, o alto grau de domesticação somado à mudanças no estilo de vida, sobretudo na alimentação dos cães e gatos, fez-se necessário o fornecimento de dietas balanceadas que atendam às exigências nutricionais básicas desses animais.

A deficiência de alguns nutrientes pode ocasionar doenças, bem como a presença de alguns pode prevenir e tratar distúrbios, como é o caso da vitamina D.

Vale ressaltar que a Vitamina D pode ser encontrada em diferentes espécies, porém algumas situações, como metabolização e quadros de hipovitaminose, cursam de maneiras distintas entre os animais.

Impactos da Deficiência de Vitamina D

Cão e sua tutora no campo

Tanto nos seres humanos quanto em cães e gatos, a forma ativa da Vitamina D é chamada de Colecalciferol ou Vitamina D3. Em humanos, a exposição de uma molécula chamada 7-dehidrocolesterol à radiação ultravioleta cursa com a síntese cutânea (ou seja, esse processo ocorre na pele e anexos epidérmicos do ser humano) da Vitamina D3 (a forma ativa da Vitamina D).

Diferentemente de como ocorre no homem, animais como cães e gatos não possuem o sistema enzimático necessário para a síntese endógena da forma ativa da Vitamina D, necessitando então da sua suplementação via dietética. Dessa forma, alimentações nutricionalmente desbalanceadas podem trazer efeitos colaterais aos pets, como os quadros de hipovitaminose D e, consequentemente, enfermidades secundárias à deficiência desta vitamina.

Comparativamente, estudos demonstram que quadros de hipovitaminose D em seres humanos podem ser fator preditivo de doenças cardiovasculares, doenças autoimunes, agravar episódios de doenças infectocontagiosas e até mesmo predispor o paciente a desenvolver câncer.

Já na Medicina Veterinária, pesquisas e ensaios clínicos têm demonstrado que doenças gastrointestinais, doenças infecciosas, queda de imunidade e polirradiculoneurite aguda, bem como altas taxas de mortalidade em pacientes de prognóstico ruim e em estado crítico e alguns quadros neoplásicos, estão diretamente ligados à deficiência de Vitamina D no organismo dos animais.

Quando falamos sobre a Vitamina D como fator preditor das doenças de trato gastro entérico, estamos falando sobre a Doença Inflamatória Intestinal, altamente comum em cães e, principalmente, gatos.

Para entender a correlação com a hipovitaminose D, precisamos lembrar que a patogênese da doença inflamatória intestinal nada mais é do que uma resposta autoimune desregulada do organismo frente à microbiota simbiótica presente no trato gastrointestinal dos animais. A falta de nutrientes que regulam o sistema imunológico, como a Vitamina D, podem agravar estes quadros e aumentar a proliferação de mediadores inflamatórios (como a interleucina 8).

Quanto à prevalência dos quadros de câncer, estudos comprovaram que, em seres humanos, há uma correlação direta entre o aumento de casuística e a hipovitaminose D. Dados epidemiológicos demonstraram que concentrações séricas de precursores da Vitamina D acima de 40ng/ml (nanogramas por ml) se correlacionaram com redução do risco de câncer de mama, cólon e reto.

Além disso, outros tipos de câncer também podem ser sensíveis às variações endógenas de Vitamina D circulante. Na Medicina Veterinária, pesquisas têm demonstrado efeitos antineoplásicos in vitro do calcitriol para vários tipos de tumores caninos, principalmente para o tratamento e remissão de mastocitomas.

Suplementação de Vitamina D em Pets

Cão deitado triste

Por fim, a quantidade de Vitamina D e seus precursores endógenos no organismo de um cão ou gato também pode ser fator que influenciará diretamente no desenvolvimento de doenças e infecções secundárias, devido à diminuição da resposta inata imune e aumento da produção leucocitária de citocinas pró-inflamatórias.

Dessa forma, atualmente há discussões e estudos que buscam sanar as seguintes dúvidas: a hipovitaminose D é fator predisponente para a mortalidade em pacientes de prognóstico de reservado à mau? A suplementação de Vitamina D em cães e gatos hospitalizados e em estado crítico reduziria a mortalidade?

Diante do cenário descrito acima, concluímos hoje que cães e gatos, diferentemente dos seres humanos, apresentam um metabolismo distinto da Vitamina D e, portanto, são dependentes de sua ingestão através de uma dieta nutricionalmente adequada e balanceada.

As baixas concentrações dos precursores da Vitamina d (como a 25-hidroxi-colecalciferol) estão associadas com várias doenças. Entretanto, ainda é cedo para concluirmos se as menores taxas de Colecalciferol influenciam no desenvolvimento e na taxa de morbidade de doenças infecciosas secundárias.

São necessários mais estudos pertinentes à avaliação dos potenciais benefícios da suplementação de vitamina D sobre a melhora do quadro clínico de pacientes em estado crítico.

5/5
ENCONTRE O ALIMENTO IDEAL PARA O SEU PET