Chegou o verão e você agora está no modo roupas mais leves, cabelo mais curto. Um pensamento que parece mais lógico também para o seu cachorro é tosá-lo para essas épocas mais quentes. Poucos sabem, mas a tosa é algo bem técnico e de recomendação diferenciada de acordo com a pelagem do amigo de quatro patas. É fundamental que você fale com o veterinário de seu pet para a correta decisão.
O primeiro ponto a ser compreendido é que, diferentemente dos humanos, a evaporação se dá pela região respiratória, como a língua para fora, salivação, e não pelo suor. “Uma boa ventilação ajuda a resfriar o corpo por meio dos pelos, assim como aquela superfície gelada, que eles gostam de ficar. Pelos mais claros também absorvem menos calor em comparação com os cachorros de pelo mais escuro”, observa Paulo Salzo, médico veterinário especializado em dermatologia.
Para a tosa, tudo tem a ver com o tipo da pelagem. E tenha em mente que excessos nesse caso podem gerar grandes problemas, desde alopecia (ausência dos pelos) pós-tosa até uma maior exposição da pele ao sol, com a possibilidade de queimaduras.
Veja alguns tipos de pelo e os cuidados necessários para uma tosa boa para cachorro, segundo o médico veterinário Paulo Salzo:
Pelo curto: Beagle, Labrador Retriever, Boston Terrier, Boxer, Dalmata e Pinscher são algumas raças de pelo curto que não precisam ser tosados. Os pelos desses pets podem ter de 5 cm a 10 cm e servem como proteção. Mas vale o cuidado com banhos e escovações quinzenais ou mensais para uma pelagem macia, sedosa e brilhante. Além da queda de pelos ser mais comuns nesses cães, eles passam por trocas de pelos no ano, normalmente no outono e primavera, que causam ainda mais queda e pedem por uma escovação mais frequente nesses períodos para tirar o excesso da pelagem morta.
Pelo médio: pelagem dupla, também conhecido como pelo térmico, para proteger o cão em regiões de baixas temperaturas. Chowchow e Husky Siberiano são exemplos. Os pelos protegem os subpelos, que se ficarem expostos aumentarão ainda mais a temperatura do corpo do cão. Aparar levemente com tesoura (mais conhecido como trimming) reduz os pelos superficialmente e preserva a proteção dos subpelos. É uma forma mais de higienização que de tosa, que não é recomendável para essas pelagens.
Pelo longo: trata-se de uma pelagem lisa, com duas características: com e sem a proteção do subpelo.
Animais sem a proteção do subpelo, se submetidos às tosas, podem deixar a pele exposta ao sol, podendo gerar queimaduras em seu pet. Raças como Yorkshire e Lhasa Apso fazem parte desse grupo.
O outro tipo é com a proteção do subpelo, de pelagem expressiva e bem rente, que pode ser tosado, a exemplo do Cocker Spaniel e Golden Retriever. Para esses casos, a redução no volume dos pelos auxilia para que o ar e vento possam chegar ao subpelo. Também é relevante do ponto de vista higiênico, já que a tosa auxilia na redução da presença de parasitas, por exemplo. A escovação também é um forte aliado nesse ponto.
Pelagem crespa ou ondulada: para as raças como Bichon Frisé e Poodle, os caracóis dificultam a entrada de ar e uma tosa moderada pode sim ajudá-los para um melhor bem-estar térmico.
Uma dica importante é que independentemente do tipo de pelagem de seu cão, a tosa higiênica é indicada em intervalos que variam de 20 a 45 dias, incluindo as regiões perianal, anal, almofadas plantares (parte inferior das patas) e a região da barriga, que, em países tropicais como o Brasil, ajuda bastante no controle de temperatura, ao deitar em pisos frios, por exemplo.