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Obesidade em Gatos

Autora: Profa. MSc. Ísis Danielle Silveira Gomes | Graduada pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Anhembi Morumbi (2010); Residência no serviço de Clínica Médica de Pequenos Animais do Hospital Veterinário da Universidade Anhembi Morumbi (2011-2013); Mestrado em Clínica Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ – USP), com ênfase em clínica de felinos (2015 – 2017). Atualmente faz parte da Equipe de Felinos da Clínica VetMasters (2016 – até o momento) e Docente da disciplina de Fisiologia, Semiologia e Clínica Médica de Pequenos Animais do curso de Medicina Veterinária e responsável pelo atendimento de felinos do HOVET da Universidade Anhembi Morumbi (2020 até o momento).

A obesidade é definida pelo acúmulo excessivo de tecido corporal adiposo (KIL; SWANSON, 2010), resultado de um desequilíbrio entre a quantidade de caloria ingerida e a quantidade gasta, provocando um excessivo acúmulo de gordura superior a 30% do peso corporal ideal (GERMAN, A. J., 2006). O sobrepeso é geralmente considerado entre 10 a 20% a mais do que o peso corporal ideal (LINDER; MUELLER, 2014).

Considerada uma epidemia, é a maior preocupação nutricional atualmente na clínica de felinos (MENDES et al., 2013). A prevalência é alta e a falta de conhecimento do tutor quanto à alimentação e à condição corporal do animal é um fator determinante para o aparecimento da doença (MENDES et al., 2013).

Atualmente, a obesidade também tem se destacado como uma das preocupações de maior relevância na saúde humana (KOPELMAN, 2000). Corroborando com o aumento no número de estudos na medicina humana estão as inúmeras consequências concernentes ao excesso de peso, entre elas a diabetes tipo 2, dislipidemia, hipertensão, doenças cardiovasculares, tromboembólicas, alterações do sono, esteatose hepática, síndrome do ovário policístico e doença articular degenerativa (LAWRENCE; KOPELMAN, 2004).

A preocupação com o excesso de peso e suas consequências também se aplica a cães e gatos (LAFLAMME, 2012). A esse evento associa-se o fato de que o excesso de tecido adiposo tem efeitos deletérios à saúde e até mesmo interfere na expectativa e qualidade de vida destas espécies (WEETH, 2016), salientando a possibilidade de sua associação à outras comorbidades, como por exemplo, doenças ortopédicas, endocrinopatias, anormalidades metabólicas, doenças cardiorrespiratórias, dermatológicas, urinárias, neoplasias e complicações anestésicas (GERMAN, A. 2006; ZORAN, 2010; CHANDLER, 2016; CLARK; HOENIG, 2016).

Apesar do ganho de peso ser um desequilíbrio entre calorias consumidas e gastos energéticos, acredita-se que a etiologia da obesidade seja multifatorial (ZORAN, 2010), resultante de fatores genéticos, castração, diminuição da atividade física, microbioma intestinal, dietas hipercalóricas (HAMPER, 2016), além da interação tutor-gato (KIENZLE; BERGLER, 2006).O manejo alimentar também é um fator primacial no desenvolvimento da obesidade felina, uma vez que os gatos que recebem alimentação à vontade, dieta seca e petiscos são mais predispostos à obesidade, além de outros fatores de risco descritos como o confinamento, presença de outros gatos na propriedade e faixa etária do tutor (ROBERTSON, 1999; COLLIARD et al., 2009; COURCIER et al., 2010; CAVE et al., 2012; MENDES et al., 2013). Confira o material da PremieRpet® sobre o oferecimento de petiscos para felinos.

Desde os primórdios da humanidade, a interação entre humanos e gatos tem evoluído gradativamente. Contudo, a maioria dos tutores parece não reconhecer a obesidade como um problema clínico e, portanto, não recorre ao médico veterinário espontaneamente. Cabe ao clínico identificar o problema e convencer o tutor da necessidade de mudanças nos manejos alimentar e ambiental desses animais, buscando o controle da obesidade e suas consequências, já que é notório que sua ocorrência em gatos tornou-se crescente nos últimos anos (NGUYEN; DIEZ, 2006; MENDES et al., 2013).

O clínico pode prescrever ou orientar métodos preventivos para o controle de peso, como o controle da quantidade de ração oferecida, cálculos do valor energético necessário, indicação de rações úmidas devido o menor teor de carboidratos, evitar petiscos, e a interação tutor-gato por meio de brincadeiras diárias. É necessário ressaltar ao tutor que esse cuidado deverá ser mantido por toda a vida do paciente, ou seja, sua prevenção é a conduta mais importante.

O tratamento mais adequado seria a restrição calórica por meio de dietas coadjuvantes, quantificar a quantidade do alimento e dividir em porções diárias, e não fornecer nenhum outro tipo de alimento, inclusive petiscos. Mudanças no estilo de vida também são necessárias, como estimular atividades físicas e criar hábitos e rotinas diárias de interação.

PremieR® Nutrição Clínica Obesidade

1. Rico em proteína: Alta concentração proteica, que auxilia na manutenção da massa magra durante o processo de emagrecimento.
2. Baixo teor de gordura e amido e rico em fibras: A associação entre altos níveis de fibras e baixo teor de gordura e amido assegura uma redução calórica efetiva do alimento, contribuindo para um adequado programa de redução de peso.
3. Cientificamente balanceado: Conteúdo nutricional balanceado, que atende a todas as necessidades do gato, mesmo sob baixa ingestão calórica, promovendo o emagrecimento saudável.
4. Controle do pH urinário: pH urinário e minerais cientificamente balanceados, que contribuem para o controle dos principais tipos de urólitos.

Portanto, a identificação de eventuais fatores de risco para o ganho de peso em gatos é de máxima importância na medicina veterinária. Além disso, o reconhecimento precoce da obesidade pelo tutor pode evitar sua progressão e consequências mais sérias associadas ao excesso de peso, ou seja, a comunicação clínica é necessária.

O tutor precisa entender os métodos preventivos para evitar o excesso de peso, é importante colocar todas as consequências que a obesidade causa. O entendimento do tutor é sempre a melhor forma de planejamento e sucesso para o controle do peso.

Para avaliação do escore de condição corporal e escore de massa muscular, imprescindíveis para o diagnóstico da obesidade, a PremieRpet® disponibiliza materiais técnicos de apoio ao atendimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CAVE, N. J.; ALLAN, F. J.; SCHOKKENBROEK, S. L.; METEKOHY, C. A. M.; PFEIFFER, D. U. A cross-sectional study to compare changes in the prevalence and risk factors for feline obesity between 1993 and 2007 in New Zealand. Preventive Veterinary Medicine, Amsterdam, v. 107, n. 1-2, p. 121-133, Nov., 2012.

CHANDLER, M. L. Impact of obesity on cardiopulmonary disease. Veterinary Clinics of North America: small animal practice, Philadelphia, v. 46, n. 5, p. 817-830, Sept., 2016.

CLARK, M.; HOENIG, M. Metabolic effects of obesity and its interaction with endocrine diseases. Veterinary Clinics of North America: small animal practice, Philadelphia, v. 46, n. 5, p. 797-815, Sept., 2016.

COLLIARD, L.; PARAGON, B. M.; LEMUET, B.; BENET, J. J.; BLANCHARD, G. Prevalence and risk factors of obesity in an urban population of healthy cats. Journal of Feline Medicine and Surgery, Londres, v. 11, n. 2, p. 135-140, Feb., 2009.

COURCIER, E. A.; O´HIGGINS, R.; MELLOR, D. J.; YAM, P. S. Prevalence and risk factors for feline obesity in a first opinion practice in Glasgow, Scotland. Journal of Feline Medicine and Surgery, Londres, v. 12, n. 10, p. 746-753, Oct., 2010.

GERMAN, A. J. The growing problem of obesity in dogs and cats. The Journal of Nutrition, Philadelphia, v. 136, n. 7, p. 1940-1946, Jul., 2006.

HAMPER, B. Current topics in canine and feline obesity. Veterinary Clinics of North America: small animal practice, Philadelphia, v. 46, n. 5, p. 785-795, Sept., 2016.

KIENZLE, E.; BERGLER, R. Human-animal relationship of owners of normal and overweight cats. The Journal of Nutrition, Philadelphia, v. 136, n. 7, p. 1947-1950, Jul., 2006.

KIL, D. Y.; SWANSON, K. S. Endocrinology of Obesity., Veterinary Clinics of North America: small animal practice Philadelphia, v. 40, n. 2, p. 205-219, Mar., 2010.

KOPELMAN, P. G. Obesity as a Medical Problem. Nature, Londres, v. 404, p. 635- 643, Apr., 2000.

LAFLAMME, D. P. Companion animals symposium: obesity in dogs and cats: what is wrong with being fat?. Journal of Animal Science, Champaign, v. 90, n. 5, p.1653- 1662, May, 2012.

LAWRENCE, V. J.; KOPELMAN, P. G. Medical consequences of obesity. Clinics in Dermatology, New York, v. 22, n. 4, p. 296-302, July- Aug., 2004.

LINDER, D.; MUELLER, M. Pet obesity management: beyond nutrition. Veterinary Clinics of North America: small animal practice, Philadelphia, v. 44, n. 4, p. 789-806, Jul., 2014.

MENDES, F. F.; RODRIGUES, D. F.; PRADO, Y. C. L. do.; ARAÚJO, E. G. de. Feline obesity. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, Goiânia, v. 9, n.16, p. 1602-1625, Jul., 2013.

MENDES-JUNIOR, A. F.; PASSOS, C. B.; GÁLEAS, M. A. V.; SECCHIN, M. C.; APTEKMANN, K. P. Prevalence and risk factors of feline obesity in Alegre, Espírito Santo, Brazil. Ciências Agrárias, Londrina, v. 34, n. 4, p. 1801-1806, 2013.

NGUYEN, P.; DIEZ, M. Nutritional aspects of obesity. Waltham Focus, Londres, v.16, n.1, p. 33-38, Mar., 2006.

ROBERTSON, I. D. The influence of diet and other factors on owner-perceived obesity in privately owned cats from metropolitan Perth, Western Australia. Preventive Veterinary Medicine, Amsterdam, v. 40, n. 2, p. 75-85, May, 1999.

ZORAN, D. L. Obesity in dogs and cats: a metabolic and endocrine disorder. Veterinary Clinics of North America: small animal practice, Philadelphia, v. 40, n.2, p. 221-239, Mar., 2010.

WEETH, L. P. Other risks / possible benefits of obesity. Veterinary Clinics of North America: small animal practice, Philadelphia, v. 46, n. 5, p. 843-853, Sept., 2016.

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