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Testes Diagnósticos Para FeLV

Autora: MV Yumi Hirai (Médica-veterinária graduada pela Universidade de São Paulo. Administradora de empresas graduada pela Universidade de São Paulo. Membro da American Association of Feline Practitioners e da International Society of Feline Medicine. Certificação Cat Friendly Veterinary pela American Association of Feline Practitioners)

A Leucemia Felina é uma retrovirose causada por um vírus chamado FeLV ou “vírus da Leucemia Felina”. A transmissão do FeLV se dá principalmente pela saliva, pela via oronasal. Assim, o contágio se dá por meio do contato próximo entre gatos: pelo compartilhamento de potes de água e de comida, pela lambedura entre gatos e por brigas. Por isso, a transmissão do FeLV entre gatos que coabitam uma casa é comum.

Outro modo importante de transmissão do FeLV é a transmissão vertical, de gatas gestantes infectadas para seus filhotes. O vírus da FeLV também pode estar presente em secreções nasais, leite, urina e fezes.

É importante lembrar que o Consenso de 2020 da Associação Americana de Medicina Felina sobre retroviroses estabeleceu 3 tipos de infecção por FeLV: infecção abortiva, infecção regressiva e infecção progressiva.

  • Na infecção abortiva, ocorre a eliminação do vírus.
  • Na infecção regressiva, ocorre a integração do provirus do FeLV ao genoma do gato. Há viremia inicial, mas a replicação viral é logo contida. O risco de doenças relacionadas à Leucemia Felina é baixo.
  • Na infecção progressiva, o FeLV infecta as células progenitoras da medula óssea do gato, gerando altas cargas de RNA viral e DNA proviral do vírus da Leucemia Felina. Ocorre viremia persistente, e o risco de doenças relacionadas ao FeLV é alto.

Gatos com infecção progressiva tendem a desenvolver anemia, neoplasias como leucemia e linfoma, e outras doenças. E, infelizmente, gatos filhotes são mais suscetíveis a apresentar a forma progressiva do que adultos, possuindo menor expectativa de vida.

Em relação aos testes diagnósticos para FeLV, é preciso fazer algumas considerações. Em primeiro lugar, é preciso entender que não existe um protocolo único de testagem – a escolha dos testes diagnósticos deve ser individualizada, adaptada a cada paciente. Além disso, um único teste pode não ser suficiente para definir o diagnóstico de infecção por FeLV; portanto, recomenda-se a realização de testes adicionais, principalmente no caso de resultados positivos.

E quando um gato deve ser testado para FeLV? Segundo a Associação Americana de Medicina Felina, um gato deve ser testado:

  • logo que for adquirido;
  • antes de ser vacinado para FeLV, com a vacina quíntupla felina;
  • após a exposição a outros felinos infectados por FeLV;
  • em caso de suspeita de infecção por FeLV.

Em segundo lugar, é fundamental entender que o teste inicial que nós devemos utilizar para diagnóstico de Leucemia Felina é o teste rápido. O teste rápido para FeLV é baseado nas metodologias de Elisa ou Imunocromatografia e apresenta alta sensibilidade e alta especificidade.

Diferentemente do teste para FIV, que detecta anticorpos, o teste rápido para FeLV detecta antígenos para o vírus, mais especificamente, o antígeno p27. O teste rápido pode ser feito em sangue total, plasma ou soro. Vale destacar que a produção de antígenos para o FeLV ocorre a partir de 30 dias após a exposição ao vírus; logo, se o teste rápido for feito antes de 30 dias do último contato com um possível gato infectado, pode-se ter um resultado falso negativo.

Como testes adicionais, podem ser utilizados os testes de PCR para FeLV, que incluem o PCR de DNA proviral, o PCR de RNA viral e o PCR quantitativo para FeLV. Como alguns estudos sugerem que a quantidade de partículas virais pode predizer as chances de um gato apresentar a forma regressiva ou progressiva de infecção por FeLV, atualmente dá-se preferência ao PCR quantitativo se o mesmo estiver disponível.

Cabe lembrar que a vacina contra FeLV (quíntupla felina) não interfere no resultado nem do teste rápido nem do PCR. 

E como relacionar os resultados dos testes diagnósticos aos tipos de infecção por FeLV?

  • Na infecção abortiva, os resultados tanto do teste rápido quanto do PCR para FeLV são negativos;
  • Na infecção regressiva, geralmente o resultado do teste rápido é negativo para FeLV, mas o do PCR é positivo. Isso ocorre porque a replicação viral é logo contida, não havendo viremia persistente. Porém, houve a integração do DNA proviral ao genoma do gato, e isso será detectado pelo exame de PCR;
  • Na infecção progressiva, os resultados tanto do teste rápido quanto do PCR para FeLV são positivos.

Por fim, destaca-se a importância da vacinação para FeLV. Infelizmente, no Brasil, temos constatado um aumento da quantidade de gatos com Leucemia Felina, o que vai na contramão do que ocorre nos Estados unidos e Europa. Muitos proprietários de gatos ainda desconhecem a Leucemia Felina. Compete a nós, veterinários, educá-los sobre a doença e testar e vacinar os gatos para FeLV.

Leitura recomendada: 2020 AAFP Feline Retrovirus Testing and Management Guidelines. Disponível em: https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1098612X19895940

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