Pesquisar
Close this search box.

Doença Valvar Mixomatosa

Texto produzido por: MV. MSc. Patrick Eugênio Luz (Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Estadual de Londrina – UEL; Serviço de Cardiologia Veterinária UEL). Orientador: Prof. Dr. Fábio Gava (Professor da UEL na área de Clínica Médica de Pequenos Animais)

A doença mixomatosa da valva mitral (DMVM), também conhecida como endocardiose de valva mitral, é a doença cardíaca mais comum nos cães, representando, aproximadamente, 75% dos casos atendidos por cardiologistas veterinários. É mais comum em cães idosos de pequeno porte do que em cães de grande porte. A doença é de progressão lenta, porém imprevisível, apresentando inicialmente um sopro à ausculta, que pode ser percebido anos antes do desenvolvimento da insuficiência cardíaca.

A origem da doença permanece desconhecida, mas sabe-se que algumas raças podem apresentar componente genético. A patogênese envolve alterações nos constituintes celulares como, por exemplo, o colágeno e alterações em proteoglicanos. Tais alterações geram modificações progressivas na estrutura valvar, impedindo a coaptação adequada, o que culmina em regurgitação. Por sua vez, a regurgitação gera aumento da pós-carga, culminando em remodelamento ventricular e atrial.

Em 2009, o American College of Veterinary Internal Medicine (ACVIM) adaptou um sistema de estadiamento de doenças cardíacas e insuficiência cardíaca, que foi atualizado em 2019 (confira o material de apoio ao atendimento Premierpet ® sobre esse sistema de estadiamento). Tal sistema permite classificar, prever e fornecer um norte para o tratamento da doença, com base em alterações clínicas e ecocardiográficas. A seguir é apresentado o estadiamento e seus critérios:

Estágio A

Compreende cães com risco acima da média de desenvolver insuficiência cardíaca, mas com ausência de anormalidade estrutural, incluindo sopro. São exemplos de raças alocadas neste estágio: Poodle, Dachshund, Cavalier King Charles Spaniel. Neste estágio o tratamento medicamentoso ou dietético não é recomendado, porém vale ressaltar que é recomendado que reprodutores das raças predispostas sejam retirados da reprodução quando há presença de sopro ou evidência ecocardiográfica da doença.

Estágio B

São cães que apresentam a DMVM mas que não apresentam sinais clínicos relacionados à doença. Adicionalmente, os cães podem ser classificados em estágio B1 e B2. 

São classificados no estágio B1 cães que apresentam imagens radiográficas e ecocardiográficas do átrio esquerdo normal, função sistólica normal ou que apresentam evidências de aumento ventricular ou atrial, porém com valor da relação de átrio esquerdo/aorta (AE/AO) menor que 1,6. Neste estágio o tratamento não é recomendado, mas uma reavaliação entre 6 e 12 meses é sugerida.

  No estágio B2 são considerados cães que não apresentam sinais clínicos de insuficiência cardíaca, mas que apresentam remodelamento, compreendendo como critérios: sopro ≥ 3/6; relação AE/AO na diástole ≥ 1,6; diâmetro interno do ventrículo esquerdo em diástole normalizado pelo peso (DIVEDN) ≥ 1,7 e escore cardíaco vertebral (VHS) > 10,5. Neste estágio recomenda-se o início do tratamento com pimobendan e pode-se considerar a associação com inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA).

Estágio C

São cães com DMVM grave, apresentando sinais clínicos de insuficiência cardíaca congestiva. Quando apresentam sinais clínicos agudos, com necessidade de intervenção imediata, recomenda-se o uso de oxigenioterapia, quando necessário, furosemida, pimobendan e drenagem de líquidos, quando houver, como abdominocentese e/ou toracocentese. Outras medidas, como o uso de IECA, nitroprussiato de sódio, dobutamina e nitroglicerina podem ser necessárias em adição ao tratamento. 

O tratamento domiciliar de cães em estágio C consiste na utilização de diurético, dilatador, dieta e descanso somados ao uso do pimobendan. Recomenda-se também o monitoramento da frequência respiratória em repouso, que quando acima do valor basal do paciente tem valor preditivo de descompensação clínica iminente.

Estágio D

Neste estágio estão inclusos cães que são refratários ao tratamento prescrito no estágio C, requerendo aumento da dose ou da frequência do medicamento ou até mesmo a mudança do princípio ativo. O tratamento hospitalar segue os mesmos princípios descritos no estágio C e o tratamento domiciliar com base nas alterações de dose, frequência ou troca das medicações.

Premier Nutrição Clínica Cardio

PremieR® Nutrição Clínica Cardio Cães

Alimentos coadjuvante indicado para cães adultos de porte pequeno, médio e grande com doença/insuficiência cardíaca.

O tratamento dietético é recomendado a partir do estágio B2, sendo necessário o fornecimento de uma dieta altamente palatável, com quantidades adequadas de proteínas e calorias para a manutenção do escore de condição corporal do paciente e, principalmente, restrição moderada de sódio  (o escore de condição corporal e o escore de massa muscular do paciente podem ser avaliados de acordo com os materiais de apoio ao atendimento fornecidos pela Premierpet ®). Em pacientes no estágio C, recomenda-se o fornecimento de dietas específicas, ricas em proteínas de alto valor biológico e níveis equilibrados de sódio, o que auxilia para evitar a perda de peso decorrente da insuficiência cardíaca. Pacientes em estágio D possuem a mesma recomendação de pacientes em estágio C. É importante salientar que para que a terapia seja efetiva, o tratamento dietético deve ser associado ao tratamento medicamentoso indicado em cada estágio, e que o acompanhamento periódico do paciente é fundamental para a realização das adequações pertinentes.

PremieR® Nutrição Clínica

Linha de alimentos coadjuvantes formulada aliando ciência e tecnologia de alta performance, com o objetivo de fornecer suporte nutricional adequado no tratamento das principais doenças que acometem cães e gatos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

AUPPERLE, Heike; DISATIAN, Sirilak. Pathology, protein expression and signaling in myxomatous mitral valve degeneration: comparison of dogs and humans. Journal of Veterinary Cardiology, v. 14, n. 1, p. 59-71, 2012.

BORGARELLI, Michele et al. Comparison of primary mitral valve disease in German Shepherd dogs and in small breeds. Journal of Veterinary Cardiology, v. 6, n. 2, p. 27-34, 2004.

BORGARELLI, Michele; HAGGSTROM, Jens. Canine degenerative myxomatous mitral valve disease: natural history, clinical presentation and therapy. Veterinary Clinics: Small Animal Practice, v. 40, n. 4, p. 651-663, 2010.

HÄGGSTRÖM, J.; HÖGLUND, K.; BORGARELLI, M. An update on treatment and prognostic indicators in canine myxomatous mitral valve disease. Journal of Small Animal Practice, v. 50, p. 25-33, 2009.

KEENE, Bruce W. et al. ACVIM consensus guidelines for the diagnosis and treatment of myxomatous mitral valve disease in dogs. Journal of veterinary internal medicine, v. 33, n. 3, p. 1127-1140, 2019.

MADSEN, Majbritt Busk et al. Identification of 2 loci associated with development of myxomatous mitral valve disease in Cavalier King Charles Spaniels. Journal of Heredity, v. 102, n. Suppl_1, p. S62-S67, 2011.

Avalie esse conteúdo!

Últimas Postagens

ENCONTRE O ALIMENTO IDEAL PARA O SEU PET