Autora: MV. MSc. Ana Paula Maingué (Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Estadual de Londrina – UEL; Serviço de Cardiologia Veterinária UEL)
Orientador: Prof. Dr. Fábio Gava (Professor da UEL na área de Clínica Médica de Pequenos Animais)
Os efeitos da insuficiência cardíaca congestiva (ICC) vão além do sistema cardiovascular. Um efeito sistêmico presente tanto em cães quanto em humanos com doença cardíaca é a caquexia cardíaca, uma condição caracterizada por perda muscular com ou sem perda de peso (INESON et al, 2018). Para esses casos a avaliação física completa do paciente é imprescindível e, nesse sentido a PremieRpet® disponibiliza materiais para classificação do escore de massa muscular (EMM) e escore de condição corporal (ECC).
A patogenia da caquexia cardíaca é complexa e multifatorial, envolvendo a redução da ingestão de energia e absorção de nutrientes, bem como alterações no metabolismo. As citocinas inflamatórias são as principais responsáveis por essa condição, reduzindo a síntese proteica muscular, bem como o aumento do catabolismo proteico (FREEMAN, 2011).
O uso de ácidos graxos poli-insaturados como o Ômega-3 para efeito cardioprotetor foi questionado, inicialmente, na década de 1970, quando se observou uma menor incidência de infarto de miocárdio em esquimós da Groelândia que se alimentavam com grandes quantidades de peixes de água fria (SAITOH et al, 2017; HEYMSFIELD et al, 2014). Desde então, diversos estudos em medicina humana apontaram os efeitos antiarrítmicos, anti-lipidêmicos, anti-inflamatórios e anti-hipertensivos dos ácidos graxos resultantes da conversão do ômega-3 (SAITOH et al, 2017; NIJHOLT et al, 2017).
Estudo realizado na Itália observou, com o tratamento, uma redução de 36% a 45% na morte cardíaca repentina e foi a chave para evidenciar o uso de óleo de peixe para impedir arritmias ventriculares fatais (JENKINS et al., 2009).
Na medicina veterinária, Nasciutti e colaboradores (2021) realizaram um estudo avaliando os efeitos protetores dos ácidos graxos oriundos do ômega-3 em cães com degeneração mixomatosa de valva mitral (DMVM). No estudo, observou-se que a suplementação dos pacientes contribuiu para melhores medidas ecocardiográficas como diâmetro ventricular esquerdo em diástole. Ainda, o estudo evidenciou, por meio de dosagens de NT-proBNP (fragmento N-terminal do peptídeo natriurético tipo B), menor sobrecarga volumétrica e, consequentemente, menor incidência de ICC.
Neste mesmo estudo (NASCIUTTI et al, 2021), a suplementação de ômega-3 teve efeitos positivos nas avaliações eletrocardiográficas e por Holter, confirmando um efeito antiarrítmico, uma vez que estes animais apresentaram menos arritmias se comparados ao grupo sem suplementação.
Através da dieta com ômega-3 ocorre uma mudança na composição dos ácidos graxos das membranas, podendo influenciar na disponibilidade do cálcio, para excitação-contração, levando a um estado antiarrítmico. Em 2007, Smith e colaboradores avaliaram que cães da raça Boxer, portadores de cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito e suplementados com óleo de peixe por seis semanas apresentaram redução da incidência de arritmias.
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médio e grande com doença/insuficiência cardíaca.
O mecanismo responsável pelo efeito cardioprotetor do ômega-3 ainda é pouco compreendido. Acredita-se que o óleo de peixe seja capaz de induzir a produção de macrófagos ateroprotetores e histona deacetilase 4, que participam da diferenciação muscular e da sobrevivência neuronal (LIONETTI et al, 2019). Cunha et al. (2007) demonstraram que a administração aguda do óleo de peixe em cães adultos impede completamente a remodelação eletrofisiológica atrial aguda em resposta a passeio rápido, o que pode minimizar a autoperpetuação da fibrilação atrial. Assim como no estudo de Sarrazin et al. (2007) que administraram por quatorze dias óleo de peixe para cães e observaram uma redução de 70% a 80% do risco de fibrilação atrial comparando com os outros.
Com base nos estudos já publicados, é possível inferir que a implementação do uso do ômega-3 nas cardiopatias possui efeitos benéficos, enfatizando a importância do manejo nutricional desses pacientes. O alimento específico PremieR® Nutrição Clínica Cardio, dentre outros benefícios para pacientes cardiopatas, apresenta, em sua composição, níveis elevados desses ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 (EPA e DHA).
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Cunha d.n.q.; Hamlin r.l.; Billman g.e.; Cames c.a. n-3 (omega-3) polyunsaturated fatty acids prevent acute atrial electrophysiological remodeling. Br J of Pharmacol. v.150, p.281–285, 2007.
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Heymsfield AM, Gonzalez MC, Jia G, Thomas DM. Assessing skeletal muscle mass: historical overview and state of the art. J Cachexia Sarcopenia Muscle. 2014;5:9-18
Ineson DL, Freeman LM, Rush JE. Clinical and laboratory findings and survival time associated with cardiac cachexia in dogs with congestive heart failure. J Vet Intern Med. 2018; 33; 1902-1908.
Jenkins, DJA; Sievenpiper, JL; Pauy, D; Sumaila, UR; Kendall, CWC; Mowat, FM. Are dietary recommendations for the use of fish oils sustainable? Canadian Medical Association., v.6, p.180, 2009.
Lionetti V, Tuana BS, Casieri V, Parikh M, Pierce GN. Importance of functional food compounds in cardioprotection through action on the epigenome. Eur Heart J. 2019; 40: 575–582.
Nasciutti PR, Moraes AT, Santos TK, Gonc¸alves Queiroz KK, Costa APA, Amaral AR, et al. Protective effects of omega-3 fatty acids in dogs with myxomatous mitral valve disease stages B2 and C. PLoS ONE 2021;16(7): e0254887.
Nijholt W, Scafoglieri A, Jager-Wittenaar H, Hobbelen JSM, van der Schans CP. The reliability and validity of ultrasound to quantify muscles in older adults: a systematic review. J Cachexia Sarcopenia Muscle. 2017;8:702-712.
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SARRAZIN, J.F. ; COMEAU, G. ; DALEAU, P. Reduced incidence of vagally induced atrial fibrillation and expression levels of connexins by n-3 polyunsaturated fatty acids in dogs. J. Am. Coll. Cardiol., v.50,p.1505-1512, 2007.